6 de novembro de 2009

Um tocar diferente

Fui com uma colega visitar alguns de nossos clientes. Em uma das visitas, um aprendizado incrível: o filho da cliente tem 8 anos e tem duas próteses de vidro no lugar dos olhos.

Enquanto minha colega conversava com a mãe do menino sobre negócios, eu não parava de me admirar com aquela criança elétrica que brincava e andava pela casa como se tivesse uma visão normal, desviando de tudo, voltando a cabeça para quem falava...

Mas o que me impressionou mesmo foi sua sensibilidade. Ao perceber que eu estava lá, ele foi até mim. Com os bracinhos esticados e mãos sedentas por informação, por sentimento, ele tocou minha bolsa, depois meu braço e depois meu rosto.

- Você é o marido daquela menina que tá falando com minha mãe? Disse ele.

- Não, eu sou muito feio pra ela. Respondi rindo.

Ele riu e continuamos conversando. Enquanto conversávamos ele não parava de tocar em mim, na minha bolsa, querendo saber o que tinha dentro. Sua mão era tão macia, tão viva que eu a sentia como se estivesse me sugando informações, e de fato era isso que estava acontecendo. O mais interessante é que era um toque de carinho, de respeito, de “quero saber como você é, porque isso é importante pra mim”.

Mal sabia ele que estava sendo muito importante pra mim também. Aquilo me fez refletir muito sobre a atenção que devemos dar às pessoas, suas informações e do quanto é valioso receber atenção. Fez-me entender ainda mais que o olho é apenas uma das infinitas maneiras de se perceber alguém.